Estado aposta em promoção internacional, sustentabilidade e novas conexões para consolidar crescimento do setor turístico
Voltar Página | EMPROTUR - Notícia: 19.09.2025
( Foto: Agora RN )
Redação Agora RN
Depois de superar os efeitos da pandemia, o turismo do Rio Grande do Norte projeta seu futuro. Para Raoni Fernandes, presidente da Empresa de Promoção Turística do Estado (Emprotur), os dados apontam para um crescimento vigoroso, acima da média nacional, impulsionado por uma estratégia inteligente de posicionamento no mercado internacional e por fatores macroeconômicos favoráveis.
O Estado vive um momento de otimismo, com recordes consecutivos de movimento no Aeroporto Internacional de Natal, em São Gonçalo do Amarante, e a conquista de um novo voo direto para a Argentina.
“Eu não gosto nem de comparar o momento do Rio Grande do Norte com o pré-pandêmico. O Estado viveu bons momentos antes. São eles que a gente tem que enxergar, porque isso mostra que o destino tem potencial para ter novamente aqueles números, principalmente do internacional”, afirmou Raoni, em entrevista nesta quinta-feira 18 ao programa Central Agora RN, na TV Agora RN.
O presidente da Emprotur ressalta que o Estado teve aumento de 54% no fluxo de turistas internacionais no primeiro semestre de 2025, superando a média nacional, que já tem batido recordes. Raoni atribui parte desse sucesso a um reposicionamento estratégico do destino. “Estar bem posicionado é a gente ter um novo posicionamento de destino do ponto de vista de branding, de marca. Um destino hoje que se vende como verde, como sustentável, porque é”, declara.
A Emprotur tem divulgado o Estado como um destino pioneiro na transição energética e na preservação ambiental. Ele cita a existência no RN de 11 unidades de conservação ambiental. “É um destino que se preocupa com a descarbonização do planeta. Isso tem atraído cada vez mais o interesse do turista internacional, principalmente europeu”.
Além da sustentabilidade, o foco no turismo de experiência tem sido um pilar fundamental. Fernandes defende que o RN oferece uma densidade única de vivências em um raio curto de distância. “Em poucos destinos no mundo, em duas horas e meia, você tem tantas experiências”. Ele listou desde stand-up paddle no nascer do sol no Morro do Careca e passeios de buggy nas dunas na Grande Natal até mergulho em Maracajaú e a prática de kitesurf sobre os corais em Rio do Fogo. “Aquela fotografia é única. Ela circula o mundo inteiro porque é única”, enfatizou. A experiência gastronômica em Galinhos, onde “os condutores dos barcos são chefes de cozinha” e o turista come “uma ostra tirada na hora”, foi destacada como algo “riquíssimo” para o turista internacional. A vantagem, segundo ele, é que em sete ou oito noites no Estado, o visitante pode usufruir dessas experiências “sem precisar pegar um novo voo, sem precisar pegar um ônibus, apenas um deslocamento intermunicipal rapidinho”.
Raoni Fernandes confirmou que Natal vai ganhar um novo voo internacional regular. Depois de 26 anos tendo a TAP Portugal como sua única operadora internacional regular, com o voo para Lisboa, o Rio Grande do Norte receberá a companhia argentina JetSmart. “A partir do 30 de dezembro, um voo diário de Buenos Aires a Natal”.
Segundo o presidente da Emprotur, a conquista é fruto de uma intervenção direta do Estado, que montou “um plano de promoção, de investimento em promoção no mercado argentino, na casa dos R$ 7 milhões, para os próximos 12 meses”.
Esse plano, ele conta, foi colocado na mesa das companhias aéreas internacionais. A JetSmart se interessou e se tornou parceira desse novo momento. A operação será regular e permanente por pelo menos 12 meses, começando com sete frequências semanais (voos diários) de janeiro a março, podendo reduzir para um mínimo de três voos semanais no resto do ano.
O presidente da Emprotur contextualizou que o boom de turistas argentinos – que cresceram 128% no primeiro semestre de 2025 – é resultado de uma macroeconomia favorável, mas também de um trabalho de inteligência e posicionamento. “Quando deu esse boom de argentinos para o Brasil, o Rio Grande do Norte estava bem posicionado”.
Questionado sobre as principais ações da Emprotur para captar turistas, Raoni Fernandes destacou o trabalho de inteligência de mercado como a base de tudo. Esse trabalho permite direcionar esforços de forma precisa, como divulgar o kitesurf apenas onde há demanda por esse esporte específico.
Outro ponto crucial tem sido a transparência e a parceria com o trade turístico local. “Nessa gestão, a gente tem conseguido não só ser transparente com o trade, a respeito da nossa estratégia, mas trazê-los para dentro da estratégia”. A empresa produz ebooks de planejamento para os mercados nacional e internacional, onde os empresários do setor não apenas veem o calendário de feiras, mas entendem o motivo de cada ação.
Sobre a operação no Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, agora sob concessão da Zurich Airport, Raoni Fernandes foi enfático ao elogiar a nova parceria. Além das melhorias visíveis na infraestrutura, com melhor limpeza e iluminação, a cooperação estratégica é o maior ganho.
“Nas feiras, eles participam conosco nas reuniões cooperadoras com companhias aéreas. Os outros destinos, por exemplo, não têm isso”. Fernandes relatou ter participado de uma feira especializada em aviação a convite da Zurich, onde a dupla trabalhou em conjunto: o aeroporto apresentando a infraestrutura e a Emprotur vendendo o destino. “É uma parceria que tem sido, eu diria, umbilical”.
Um dos pontos sensíveis abordados na entrevista foi a percepção de que as passagens aéreas para Natal são mais caras do que para outros destinos nordestinos.
Raoni iniciou explicando a lei básica da oferta e demanda: “quando o preço está alto por Natal, geralmente é na alta temporada, geralmente é quando nós estamos bem no turismo”. O factor de carga (load factor) dos voos para o Estado está acima de 86%, indicando que os aviões estão praticamente lotados, o que mantém os preços elevados.
Dois problemas estruturais da aviação nacional, agravados pós-pandemia, impactam todos os destinos: a quantidade de aeronaves em solo para manutenção e a escassez de novas aeronaves. “Não há mais aeronaves. Eles têm que tirar uma aeronave de um destino e trazer para o outro”. Nesse cenário, o trabalho da Emprotur é mostrar que “é mais lucrativo voar para o RN do que para outro estado”.
Fernandes deu um “spoiler de uma boa notícia”. “As três companhias aéreas nacionais apresentaram a perspectiva de crescimento para 2026 na casa dos dois dígitos” para o Estado, o que é inédito nos últimos anos, disse ele, citando as empresas Gol, Latam e Azul.
Outro fator decisivo é a existência de hubs aeroportuários em outros estados. Um hub permite que a companhia aérea distribua passageiros para vários destinos a partir de um ponto central, diluindo os custos operacionais.
Para mitigar isso, o Estado usa uma política de incentivo via ICMS do querosene de aviação (QAV). Companhias que assinam o decreto e cumprem metas de aumento de voos recebem descontos no imposto ao abastecerem no RN.